Especialistas sugerem que OMS passe a recomendação de 5 g para 3 g diários
Neste domingo (7) é comemorado o Dia Mundial da Saúde que terá como tema a hipertensão.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge
uma em cada três pessoas no mundo, mas a proporção aumenta conforme a
idade, tornando vítima apenas uma em cada 10 pessoas entre os 20 e 30
anos, mas afetando cinco em cada 10 pessoas com cerca de 50 anos. No
Brasil, por sua vez, estima-se que 35% da população com mais de 40 anos
sofra do mal, de acordo com o Ministério da Saúde. Diante de números
tão alarmantes, uma revisão de estudos feita por pesquisadores da OMS
mostrou que reduzir de 5g para 3g a ingestão de sal poderia salvar
milhões de vidas. As descobertas foram publicadas no dia 4 de abril no British Medical Journal.
Foram
avaliadas informações de 3 mil adultos que diminuíram o consumo de sal
por um período de quatro semanas. Os resultados indicaram que os
participantes do estudo tiveram uma redução média da pressão arterial
sistólica de 5 mmHg. Embora pareça singela, esse tipo de diminuição da
pressão arterial teria impacto significativo levando-se em conta a
população mundial. Além disso, a revisão de outros 14 estudos mostrou
que tal redução não tem nenhum efeito adverso sobre os níveis de
lipídios no sangue, catecolaminas (hormônios liberados pela glândula
suprarrenal) ou na função renal.
Um estudo recente da Harvard Medical School, baseado na revisão de 250 pesquisas que faziam parte do 2010 Global Burden of Diseases Study, apontou que o consumo excessivo de sal pode levar 2.3 milhões de pessoas à morte no planeta em um único ano.
A hipertensão é a principal causa de morte no mundo, ultrapassando até mesmo o tabagismo. Ele figura como a principal causa de AVC, ataque cardíaco e insuficiência cardíaca.
Diante de tal evidência, especialistas sugerem que a OMS mude a
recomendação de ingestão de sal de 5 g por dia para apenas 3 g. Vale
destacar ainda que a responsabilidade pela redução de sal nos alimentos
reside, principalmente, na indústria alimentícia.
Plano mensal para se prevenir da hipertensão
Além
da redução do consumo de sal, o histórico familiar e exames de check-up
também podem ajudar na prevenção da hipertensão. A seguir, confira
algumas metas diárias que podem mantê-lo longe da doença:
Verifique a sua pressão
A Sociedade Brasileira de Hipertensão recomenda
que mesmo quem não sofre de hipertensão precisa ficar atento e aferir
(medir) a pressão ao menos uma vez por ano, ajudando na prevenção e
tratamento da doença. O ideal é que a pressão arterial esteja abaixo de
120x80, sendo mais do que isso considerado de risco. Sua pressão arterial é saudável?
Observe seu histórico FamiliarSegundo
o estudo realizado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo,
mais de 80% das pessoas com hipertensão possuem histórico familiar da
doença. "Verificar a incidência da hipertensão e outros membros da
família pode ajudar a pessoa a manter os bons hábitos desde cedo, se
prevenindo contra uma doença que muitas vezes não apresenta qualquer
sintoma", afirma o cardiologista Ivan Clordovil, do Instituto Nacional
de Cardiologia.
De olho na cintura!Controlar
o peso é o primeiro passo para prevenir e tratar a hipertensão. Além
disso, pessoas com uma circunferência abdominal acima do recomendado
usualmente apresentam resistência à insulina. "Para o organismo manter
os níveis de glicose no sangue normais, é necessário um excesso de
produção de insulina, contribuindo para elevar a pressão arterial",
afirma o cardiologista Willian. De acordo com o médico, a circunferência
máxima admitida como normal para mulheres é 88 centímetros e para
homens 102 centímetros.
Reduza o consumo de sal pela metadeSegundo
o cardiologista Ivan Cordovil, do Instituto Nacional de Cardiologia, o
brasileiro come aproximadamente o dobro do que deveria de sal, alimento
que é principal fonte de sódio, um dos vilões da pressão alta. "Alguns
alimentos já tem quantidades de sal, por conta disso a recomendação é
acrescentar apenas três gramas de sal às nossas refeições por dia", diz.
O cardiologista Ivan explica que uma colher rasa de café tem
aproximadamente um grama de sal, podendo ser usada como medida - duas
colheres no almoço e uma no jantar, por exemplo. "O uso excessivo de sal
levará a um aumento do sódio
na pressão sanguínea, que vai reter o liquido presente sangue,
aumentando a produção de liquido pelo organismo e consequentemente
elevando a pressão arterial", explica Ivan Cordovil. Para reduzir o
consumo de sal, opte por temperos naturais nas refeições como ervas e
azeite de oliva.
Pratique exercícios físicosA
atividade física é essencial para o controle da pressão arterial.
"Praticar uma hora de exercício cinco dias por semana já é capaz de
reduzir peso e baixar a pressão arterial sistólica - é a pressão máxima
do ciclo cardíaco, e ocorre quando o coração bombeia o sangue para o
corpo", explica o membro do Instituto Nacional de Cardiologia Ivan
Cordovil. Ele conta que a prática de atividade física libera substâncias
vaso dilatadoras, que auxiliam no controle da pressão. "Podem ser
exercícios aeróbicos, musculação, qualquer atividade que tire o
indivíduo do sedentarismo e respeite seus limites, de acordo com a idade
e condições físicas."
Procure dormir melhorPessoas
que sofrem com distúrbios do sono, principalmente a apneia, tem mais
chances de sofrer com hipertensão arterial e insuficiência cardíaca
congestiva, ou seja, o coração não consegue bombear o sangue para o
resto do corpo. O odontologista especialista em apneia Fausto Ito,
membro da Associação Brasileira do Sono, explica que a passagem do ar
pela faringe fica obstruída durante o episódio de apneia e, por causa
disso, o organismo libera adrenalina como reação de defesa. "Em resposta
à descarga de adrenalina, os vasos sanguíneos se contraem e há menos
espaço para o sangue circular, aumentando a pressão", diz.
Cuidado com o uso de medicamentosExistem
diversos remédios que podem aumentar a pressão arterial. De acordo com o
cardiologista Alexandre Murad Neto, da clínica Delboni, em São Paulo,
antidepressivos, anticoncepcionais orais, anti-inflamatórios,
corticoides, sibutramina e dilatadores nasais são alguns exemplos de
medicamentos que alteram a pressão arterial. "Por isso é de extrema
importância que se consulte um médico antes de começar a tomar qualquer
tipo de medicamento", afirma.
EstresseSituações de
estresse ocasionam o aumento momentâneo da pressão arterial, como
resposta às sobrecargas físicas e emocionais do indivíduo. O
cardiologista Willian Esteves, do Hospital Vera Cruz, conta que alguns
dados apontam que o estresse psicológico crônico tem influência no
desenvolvimento de hipertensão. "Porém, é necessária a presença de
outros fatores de risco para desenvolvimento da hipertensão que
coexistem com o estresse, como o sedentarismo e a obesidade."
DiabetesDiabetes e
hipertensão arterial são duas alterações clínicas que costumam caminhar
em conjunto. O cardiologista José Luiz conta que é comum ocorrerem
alterações vasculares nas pessoas com diabetes, com interferência na
função renal do paciente. "Esse descontrole leva a descompensação da
pressão arterial e piora as situações clínicas", diz. Além disso, a
resistência à insulina favorece a entrada de sódio nos vasos sanguíneos,
aumentando a pressão arterial. "Por isso, manter níveis de glicemia
adequados previne as alterações vasculares do paciente, com resultados
benéficos para a hipertensão", completa José Luiz.
Consumir mais amêndoas e nozesPor
serem boas fontes de magnésio, amêndoas e nozes atuam como
vasodilatadores (capacidade de aumentar os vasos sanguíneos), auxiliando
no controle da pressão arterial. Outras fontes de magnésio são verduras
como couve e escarola, legumes, como beterraba e mandioca, e cereais
como aveia, cevada e arroz integral.
Evite exagerar no consumo de álcoolO
consumo excessivo de álcool irá sobrecarregar o fígado e produzirá
substâncias semelhantes à adrenalina, que tem como função aumentar a
pressão arterial. "Para quem gosta de beber, a ingestão de bebida
alcoólica deve ser moderada. O limite considerado adequado é de 30g de
álcool, o que corresponde a 600 ml de cerveja, 250 ml de vinho ou 60ml
de destilados". Lembrando que o consumo moderado de vinho,
principalmente o tinto, pode até mesmo contribuir para a estabilização
da pressão arterial, trazendo benefícios ao nosso organismo.
Consuma mais alimentos ricos em potássioEsse
nutriente age estimulando a eliminação do sódio presente no corpo,
diminuindo a retenção de líquidos e a pressão arterial. Dessa forma,
alimentos ricos em potássio são muito recomendados para hipertensos ou
pessoas no grupo de risco para hipertensão. "O potássio está presente no
inhame, no feijão preto, na abóbora, na cenoura, no espinafre, no
maracujá, na laranja, na banana e em diversos outros alimentos", explica
a nutricionista Cátia Medeiros, da clínica Espaço Nutrição.
Coma mais frutas e vegetaisSegundo
a nefrologista Kátia, as frutas e os vegetais são os melhores amigos de
quem quer prevenir a hipertensão. "Eles contribuem para uma dieta
balanceada, rica em nutrientes e pobre em gorduras saturadas (frituras) e
açúcar, diminuindo os riscos de obesidade, principal fator de risco
para a hipertensão", afirma.
Consuma mais cereais integraisEles
reduzem as chances de diabetes, previnem o câncer, ajudam a manter o
peso e ainda são grandes combatentes da hipertensão. Motivos não faltam
para incluir cereais integrais, como farelo de aveia e gérmen de trigo,
na sua dieta. "O grande mérito desses alimentos é a concentração de
magnésio, que estimula a dilatação dos vasos sanguíneos, reduzindo a
retenção de líquidos", explica Cátia Medeiros.
Coma mais alhoPesquisadores
da Universidade de Adelaide (Austrália) concluíram que o consumo de alho
pode ajudar a controlar e prevenir a hipertensão tanto quanto
medicamentos para esse fim. Isso porque o alho contém diversos
elementos que auxiliam a dilatação dos vasos sanguíneos, reduzindo a
pressão e facilitando a circulação do sangue.
Coloque as proteínas vegetais no pratoUm
estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Medicina de
Northwestern, em Chicago (EUA), revelou que o ácido glutâmico,
encontrado nas proteínas vegetais - como a soja, lentilha, grão de bico e
feijão -, tem alto poder de redução da pressão arterial. Foram
observadas mais de 4.600 pessoas de meia-idade que ingeriram quantidades
distintas de alimentos compostos por ácido glutâmico. A conclusão é de
que o ácido glutâmico combinado com demais aminoácidos interfere
diretamente na pressão arterial por reduzir e ajudar no metabolismo do
sal no organismo.
Opte por carnes magrasNão é
necessário eliminar a carne no cardápio para prevenir ou controlar a
hipertensão. Porém, a nefrologista Kátia Ortega explica que é importante
optar por carnes mais magras, como peixes, frango e cortes magros de
carne vermelha, como filé mignon e músculo. "Fazer escolha saudáveis
ajuda a diminuir o acúmulo de gordura, prevenindo contra obesidade e
consequentemente contra a hipertensão", diz.
Reduza o consumo de gordura saturada e açúcarPara
ajudar a diminuir o peso e o risco de hipertensão, a membro da
Associação Brasileira de Hipertensão Kátia Ortega recomenda ficar longe
do açúcar e das gorduras saturadas. "Cortar as calorias vazias de
alimentos processados, doces e refrigerantes contribui para a perda de
peso e diminui os níveis de sódio em nosso sangue", diz.
Seja mais otimistaA
Universidade de Michigan comprovou por meio de um estudo que manter o
bom humor e o otimismo contribui não só para baixar a pressão arterial,
como também ajuda a preservar nossa saúde por completo. Os estudiosos
acompanharam adultos acima dos 50 anos e pediram para eles escolherem um
número de 1 a 16 para definir seus níveis de bom humor. Após dois anos
de estudo, os pesquisadores descobriram que cada ponto a mais se
traduzia em uma queda de 9% no risco de a pessoa sofrer doenças
cardiovasculares. Os pesquisadores acreditam que o otimismo pode ajudar a
baixar os hormônios do estresse, aumentar a imunidade e promover
comportamentos de estilo de vida positivos, como tomar vitaminas e
exercício, hábitos que mantem nosso corpo longe da hipertensão.
Aposte nas frutas vermelhasUma pesquisa publicada no
American Journal of Clinical Nutrition comprova
que os flavonoides das frutas vermelhas são capazes de oferecer
proteção contra a hipertensão. A equipe de cientistas estudou 134 mil
mulheres e 47 mil homens durante um período de 14 anos e descobriu que o
consumo de frutas como mirtilo, framboesa, amora e morango reduziu o
risco de desenvolver a doença em 10%. "As atividade antioxidante
proporcionada por essas frutas também nos protege contra os efeitos do
envelhecimento, que estão associados aos radicais livres", explica a
nutricionista Mayumi Shima, do Hospital Albert Einstein.
Corte os cigarrosA
complicação cardiovascular decorrente do cigarro afeta até mesmo o
fumante passivo. Pesquisadores do Departamento de Cardiologia do
Hospital Erasme e a Univesité Libre de Bruxelles, na Bélgica,
comprovaram que respirar as substâncias do cigarro afetam várias funções
do sistema vascular arterial - e mesmo quando já não há mais fumaça no
ar. Segundo a nefrologista Kátia, essa elasticidade traz danos para a
manutenção de uma pressão arterial saudável, além de poder evoluir para
outros problemas, como o AVC.
Consuma mais fontes de vitamina DUm
estudo realizado pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos,
revelou que 20% dos casos de hipertensão em mulheres estão associados a
baixos níveis de vitamina D no organismo. Mas não são apenas as mulheres
que se beneficiam, os homens também. Isso se dá porque a vitamina D é a
principal responsável pelo controle do enrijecimento das artérias, e a
falta desse nutriente faz com que o organismo precise trabalhar três
vezes mais para manter seu equilíbrio circulatório, o que gera um
aumento na pressão. A vitamina D pode ser encontrada em alimentos como a
manteiga, gema de ovo e fígado, mas sua principal fonte é a luz solar.
Inclua mais leite e derivados no cardápioEsses
alimentos não podem ficar de fora da dieta de pessoas com hipertensão
por conta das suas altas quantidades de cálcio. Segundo Cátia Medeiros,
esse nutriente atua na diminuição da pressão sanguínea, uma vez que
estimula a eliminação de sódio. "A grande vantagem desses alimentos é o
fato de pequenas porções apresentarem grande concentração do mineral",
afirma. A nutricionista ainda recomenda que sejam consumidas as versões
desnatadas e com baixo teor de gordura, como o queijo branco.
Pratique a meditaçãoO
National Institutes of Health
fez vários estudos durante 20 anos para entender os efeitos da
Meditação Transcendental (MT) e outras técnicas sobre doenças
cardiovasculares. Os estudos, no geral, apontaram que essa técnica pode
relaxar os vasos sanguíneos, ajudando no tratamento de hipertensão,
reduzir a síndrome metabólica, combater aterosclerose e prevenir ataques
cardíacos e derrames.
Pratique a IogaDe acordo com
pesquisadores na Índia, a prática regular de ioga pode melhorar a sua
saúde do coração. Os pesquisadores descobriram que a ioga melhora o
controle da pressão arterial e da frequência cardíaca, o que é benéfico
para um coração saudável.
Coma mais chocolate amargoDe
acordo com um estudo feito na Universidade de Harvard (EUA), as
substâncias antioxidantes presentes no cacau podem ajudar a relaxar as
artérias e melhorar o fluxo sanguíneo para o coração em até 4%. Porém, a
nutricionista Cátia afirma que é preciso estar alerta: muitos
chocolates vêm com adição de açúcar e gordura. "O melhor a fazer é
apostar no chocolate amargo, que tem cerca de 70% de cacau."
Trabalhe menos horas por diaUm recente estudo britânico publicado no
Annals of Internal Medicine
descobriu que trabalhar mais de 10 horas por dia pode aumentar o risco
de hipertensão em mais de 60%. Por isso, se você tem que trabalhar
longas horas, é importante manter um estilo de vida saudável e
monitorizar regularmente a sua pressão arterial e os níveis de
colesterol para manter a saúde em dia. Outra sugestão é passar mais
tempo com os amigos e familiares - um estudo da Universidade da
Califórnia descobriu que adultos solitários são mais propensos a
desenvolver doença cardiovascular do que aqueles que regularmente passam
tempo com os amigos ou entes queridos.
Dê atenção ao ovário policísticoA
síndrome dos ovários policísticos deve ser acompanhada, pois trata-se
de uma doença endocrinológica que, se não for controlada, gera
alterações do metabolismo dos açúcares, aumentando a concentração
sanguínea. "Dessa forma, as pacientes podem ter um risco maior de
desenvolver diabetes e hipertensão", explica o cardiologista José Luiz
Cassiolato, do Hospital 9 de Julho. Além disso, ele afirma que cerca de
50% das mulheres com síndrome dos ovários policísticos tem obesidade,
que é um fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial.
Mulheres precisam dar mais atenção para a menopausaAo
atingir a menopausa, a mulher deixa de produzir o estrogênio, hormônio
que protege os vasos sanguíneos e ajuda a prevenir alterações
vasculares. "Com a falta desse hormônio e perda desse fator protetor, as
mulheres passam a ter mais rigidez dos vasos, o que contribui para a
hipertensão arterial", explica a nefrologista Kátia Ortega, da Sociedade
Brasileira de Hipertensão.
Previna a constipaçãoUm estudo publicado no
American Journal of Medicine
descobriu que mulheres que sofrem com prisão de ventre no período
pós-menopausa têm um maior risco de hipertensão e doença cardíaca do que
aquelas que tinham um intestino regular. Os pesquisadores dizem que a
constipação não é o que aumenta o risco, mas os fatores associados a
esse mal, como uma dieta pobre em fibras e uma vida sedentária. Os
especialistas recomenda a prática de exercícios, o consumo de alimentos
ricos em fibras e a ingestão de dois litros de água por dia.